É aqui que eu moro...

Há memórias que se entranham em nós, qual tatuagem permanente.
Basta fechar os olhos e recordo o teu sorriso (metálico), as tuas gargalhas, as tuas conversas parvas.
Nunca sabemos quais são os momentos que um dia serão mais fáceis de recordar.
Nem preciso de me esforçar para que me venham à lembrança os episódios mais ridículos que vivemos.
Alguns até nem são bem meus, são teus e de outros, mas fui espectadora assídua e atenta de todos eles.
Por muito banal que possa soar, nunca, jamais em tempo algum, esquecerei quem foste. Quem és. Quem me fizeste ser. Nunca esquecerei os momentos fora-do-comum que vivemos. Nunca esquecerei as tardes mais aborrecidas. Nunca esquecerei nada disso porque foi algo que te pertenceu, que nos pertenceu.
Se soubesse que uma tão distante noite de quinta-feira iria ser a última vez que te via. Se soubesse. Possivelmente foi melhor nem saber. Mas se soubesse. Há coisas que são impossíveis de evitar. Mas há outras que seriam tão fáceis. A tua partida era completamente evitável. E é isso que dói. Não foi o destino. Não foi doença. Não foi acidente. Não foi culpa de outrem. Foi a tua decisão. É por isso que dói.
Agora olho em volta e todos os espaços que eram teus, continuam exactamente iguais. Apenas mais silenciosos. Eras riso. Eras alegria. Eras a personificação perfeita do que é a vida. Não eras perfeito. Ninguém o é. Mas eras um bocadinho de todos nós. E roubaste-nos esse bocadinho, deixaste-nos a viver na lembrança, na tristeza, na revolta... na SAUDADE!


Hoje em dia é aqui que vivo. Porque as nossas vidas têm de continuar. Precisam de continuar.
Mas tu jamais serás esquecido! Para sempre, L*





Nota Verídica:
Apesar de utilizar esta rua enquanto metáfora do sentimento, a Rua da Saudade existe mesmo, em Lisboa, perto da Sé,  com óptima vista para o Tejo, plena de história e recordações, ali nasceu e morreu o poeta José Carlos Ary dos Santos.
*Rita* 

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