Recortes da infância
Uma gargalhada. Um café. Um ralhete. O Avô a regressar do trabalho, a subir o trilho que o conduzia a casa e de lancheira na mão. A Avó a fazer bolos e a cozinhar. As histórias que a Avó inventava e os pregões que não se cansava de contar "Então e que tal? Entrou pela porta e saiu pelo quintal. Tinha uma chaminé num olho e deitava fumo pelo calcanhar!". As anedotas do Avô. Os parabéns. A bata de trazer por casa da Avó. Os Santinhos que ainda hoje moram no móvel lá de casa. Os álbuns dos dias em que os Avós era novos e a Mãe e os Tios eram pequeninos. O cheiro dos lençóis de flanela. As bolachas Maria barradas com planta. As figuras de barro que a Avó ensinou a moldar. Os cães. As casas de madeira que só o Avô construía para nós. O empadão de carne. A televisão a preto-e-branco. A telefonia que ainda hoje funciona. A mesa da cozinha com as gavetas por baixo do tampo. A casa-de-banho no quintal. A cabrita. O canavial que servia de esconderijo. A garagem do vizinho. A horta. Os cavalos. O Carvalho que continua grande e robusto. As galinhas e os pintainhos. Os disfarces que a Avó costurava para o Carnaval. O copo de vinho tinto para o Avô beber ao jantar. O toyota velhinho. A mala-de-mão que a Avó gostava de levar. Os "recados" encomendados para ir à mercearia. As sestas deitadas na cama de colchão bom dos Avós. As sessões fotográficas. O adeus ao final do dia, quando queríamos ficar "só mais um bocadinho" antes de regressarmos a casa dos pais.
Sou-vos tão grata pela infância perfeita que tive. Fui tão feliz! Tenho os melhores Avós do mundo e isso nunca ninguém me tirará!
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